terça-feira, 9 de junho de 2015

Sete erros do governo e sociedade, que dizimam 50 mil vidas por ano, no Brasil.

Educação:
O Art. 205 da C.F, preceitua: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Já o art.  211 da C.F, traz: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. Não é por um acaso que este importante dever do estado é concorrente entre os três entes, União, Estados e municípios.
A educação desperta o espírito de competitividade, proporcionando melhores trabalhos e dignidade aos cidadãos. A educação é o princípio de uma grande jornada para obter indivíduos conscientes de seu papel social.
Os países que conseguiram ótimos níveis de desenvolvimento social e qualidade de vida basearam seus esforços na educação, podendo-se tomar como exemplo a Finlândia e, com muita representatividade a Coréia do Sul, que teve na educação a principal causa do sucesso em competitividade, nas últimas décadas.

Os países desenvolvidos investem na ordem de três vezes a mais do que o Brasil nesta área, alcançando índices aceitáveis de criminalidade e, por consequência, de Segurança Pública.
Assim, estes dados mostram a necessidade urgente de gestores públicos saírem do campo das promessas e investirem os recursos públicos em ações que podem revolucionar a qualidade de vida do cidadão, proporcionando um ambiente com mais qualidade de vida e segurança.

Desigualdade Social:
                O surgimento de grupos sociais marginalizados, ou seja, sem trabalho ou mal remunerados, morando em locais indignos, sem um mínimo de direito à saúde pública, lazer e segurança, inicia um processo extremamente perigoso para a sociedade. Estes grupos, com o mínimo de consciência de seus direitos, razoável noção do que ocorre no mundo, quanto à parcela da sociedade, a classe média alta e ricos, gozarem destes direitos, além da incapacidade de sobrevivência progressiva, tendem a se unir para negar a ordem vigente e se revoltam contra todos os que vivem com dignidade, nesta sociedade com disparidades sociais proeminentes. Nunca nos esqueçamos que a desigualdade sempre existiu, porém, o marginalizado de tempos passados não tinha uma noção de conjunto sobre o mundo ou seu país, além de não possuir cultura, ou conhecimento, capazes de levar a contestações ou comportamentos mais violentos. Veja os dados publicados pelo Centro nacional de Fé e Política, Moradia, Lazer Dom Helder Câmara – CEFEP: “Segundo um estudo publicado pela Un-Habitat, a Agência das Nações Unidas para os aglomerados urbanos, o Brasil é o país com mais desigualdades na América Latina: enquanto 20% dos mais ricos possuem 50,6% das riquezas produzidas, 10% dos mais pobres possuem apenas 0,8% da renda nacional. ”.  Fonte: Agência Fides. http://www.cefep.org.br. Se este quadro não for mudado viveremos uma verdadeira convulsão social, em futuro próximo.

Televisão:
Há estudos dos mais variados que demonstram que a violência na televisão produz um aumento significativo da violência na vida real. Em trabalho monográfico de 1998, destaquei alguns artigos que comprovam tal influência e coloco aqui um em especial, do Jornal O Estado de São Paulo, de 04mai97, p. A4, com o tema: Televisão e Violência, vejam: “Em 1981, um professor da Universidade de Washington levantou a hipótese de que a brusca elevação dos índices de homicídio nos EUA, registrada a partir de 1955, se deveu à introdução da televisão nos hábitos domésticos, oito anos antes. Ele comparou dados com os efeitos da televisão na África do Sul, onde as transmissões foram proibidas até 1975. Doze anos após a introdução da televisão na África do Sul, os índices de homicídios dispararam”. Dados como este estão por toda parte, basta pesquisar e ver que este é um assunto que deve ser debatido ao extremo, pois a busca por audiência e, consequente lucro nas propagandas veiculadas pela televisão, custeado pela própria população, jamais podem se sobrepor aos interesses coletivos, que visam ao controle da violência para uma qualidade de vida melhor. 

Remunerações ultrajantes de setores da sociedade:
Como já afirmado no tema desigualdade social, os marginalizados de hoje, tem acesso a informações de toda ordem, principalmente pelos meios de comunicação, seja a televisão, jornais ou mesmo as redes sociais. Fica difícil imaginarmos uma sociedade mais feliz, equilibrada, e, por conseguinte, menos violenta quando nos deparamos com ganhos absurdos de determinados setores da sociedade. Apresentadores de televisão ganhando milhões de reais por mês, artistas, atletas em geral, citando como exemplo os jogadores e técnicos de futebol que ganham mensalmente valores próximos a 1 milhão de reais, servidores públicos federais, como senadores, deputados, dirigentes de estatais, que auferem ganhos absurdos, se comparados aos dos estados e, quem dirá, da classe trabalhadora comum. Empresas e Bancos obtendo lucros exorbitantes e praticamente assaltando a população com seus juros abusivos, arbitrários, seja de empréstimos, cheque especial ou cartão de crédito. Ante o exposto, quando o cidadão não consegue um posto médico para atendimento ao seu filho, uma vaga em escola pública adequada, não tem dinheiro para comprar o remédio necessário para a cura de sua doença ou do seu filho, um local digno para morar, ou falta-lhe trabalho, a revolta lhe torna, principalmente na classe dos jovens, um alvo fácil para a entrada no mundo do crime, principalmente o tráfico de entorpecentes, que recruta milhares de jovens. O sentimento de  ser marginalizado por essa sociedade, no mínimo dissimulada, gera as consequências de violência generalizada como estamos vivenciando nas regiões urbanas.      

Sistema Judiciário e Penitenciário
Vivemos quase uma guerra civil em nosso país, morrem mais de 50 mil pessoas por ano com a violência instalada. O sistema judiciário brasileiro é injusto e extremamente cruel com a nossa sociedade, pois ele não pune, não reabilita.  A pena criminal, em nosso sistema tem, como função precípua, a reeducação do condenado e sua integração no convívio social, o que chamamos de ressocialização.  Já disse Rui Barbosa “A justiça tardia nada mais é do que a injustiça institucionalizada”. O que diria o brilhante político e jurista se vivesse na atualidade e se deparasse com os seguintes dados: de cada cem crimes pelo país, mais de 90 nunca foram descobertos, e mais, de 5% a 8% dos assassinos são efetivamente punidos. Realmente já não estamos falando de justiça tardia, como disse nosso grande pensador, mas de sua inexistência. Veja que, neste universo de menos de 8% de homicídios solucionados as penas são cumpridas de forma a não conseguirem um mínimo de reeducação ou mesmo ressocialização, pelo contrário, o Sistema proporciona um ambiente desumano, com celas lotadas, não lhes impõe um sistema de trabalho para a remição da pena, lhes permite uma espécie de “pós-graduação” no mundo do crime, dada a ociosidade dos presos. Tenho a mais absoluta certeza que o estado, por intermédio das Secretarias de Administração Penitenciária, deve enfatizar no investimento maciço em presídios com arquitetura moderna e segura, investimento em condições mínimas humanitárias, ambiente com disciplina e respeito, convivência pacífica, programas de capacitação e, principalmente no trabalho, com produção de bens para o consumo do próprio estado, assim, haveria uma grande repercussão para a prevenção de novos delitos.

Segurança Pública
O papel da segurança pública no Brasil é dos estados, pelo menos até que se altere, como quer a presidência da república, com a PEC 33 de 2014 que dará à União a competência constitucional de cuidar, também da segurança pública. A União, no meu entender, ante as dimensões do nosso país, a corrupção instalada, e a luta constante pelo poder, dos partidos políticos, é o ente mais ineficiente, comparado aos estados e municípios. Este novo dever só servirá para a criação da Guarda Nacional, que tem como embrião a Força Nacional de Segurança Pública, que mais servirá ao próprio governo, nos seus interesses políticos, do que propriamente a população dos estados, de forma igualitária.         
Ante a calamidade que vivemos em termos de criminalidade instalada em nosso país, urge atentarmos para o fato de que não podemos aguardar novas gerações para a mudança deste quadro degradante de insegurança. Nos estados a maior responsável pela ineficiência da segurança pública é a existência de duas polícias, uma com atribuições pelo policiamento ostensivo-preventivo e a outra pelas investigações e polícia judiciária.  
Como já disse, em outro artigo sobre a extinção do Inquérito Policial, uma única polícia é, com certeza, a solução para a restauração da ordem pública e diminuição da criminalidade. A Constituição Federal poderia ser alterada para que os estados fiquem responsáveis pela forma de segurança pública, ou seja, modelos de polícia que assim desejarem. Em São Paulo, a Polícia Militar do Estado de São Paulo, quase que bicentenária, possui em seu quadro praticamente 100 mil homens, com qualificação essencial, unidades de altíssima especialização, com recursos humanos treinados e qualificados ao longo de décadas, quadro e estrutura de tecnologia da informação de dar inveja a qualquer organização policial do planeta, oficias até o posto de coronel da mais alta qualidade, uma corregedoria que já faz trabalho de investigação da melhor qualidade, podendo ser utilizados na gerência da parte investigativa, ligados diretamente ao Ministério Público. A estrutura de Polícia Judiciária, comandada por Delegados de Polícia poderia ser incorporada ao Poder Judiciário, atuando nos Juizados Especiais Criminais, Lei 9.099/95, nos crimes de menor potencial ofensivo, aumentando, inclusive o poder e eficiência dos julgamentos no Poder Judiciário, que hoje sofre com a demanda existente.   Por óbvio que haveria necessidade de maior detalhamento sobre a estrutura e funcionamento dessa nova polícia, com ciclo completo de polícia, ou seja, responsabilidade pelo policiamento ostensivo-preventivo, repressão imediata dos crimes que acabam de ocorrer e a investigação dos crimes já ocorridos, mas este, com certeza seria o primeiro e grande passo, para retomarmos a ordem pública, que está quebrada, e consequente controle da criminalidade, desejo primordial da sociedade no momento atual.  

Eu e você:
Trabalhar para que o cidadão aperfeiçoe o seu exercício de cidadania. Os cidadãos têm direitos e deveres previstos na Constituição Federal, assim devemos estimular nossa consciência crítica, valorizando nosso potencial transformador. Quais são nossos principais deveres constitucionais:  votar para escolher os governantes; cumprir as leis; educar e proteger seus semelhantes; proteger a natureza; proteger o patrimônio público e social do País. Assim, não adianta jogarmos a responsabilidade nos governantes se não fizermos a nossa parte. Vamos prestar atenção nos políticos que votamos, seus projetos, seus votos, suas atuações no trabalho. Critique-os, mande-lhes sugestões, faça-os ver que seu voto não foi em vão. Devemos exercitar, no dia a dia, o respeito às leis e normas; jogar um papel no chão, uma garrafa em um córrego ou ainda, um saco de lixo em uma esquina, pode parecer algo sem importância, mas imagine milhões de pessoas fazendo isto todos os dias e pense no volume de dinheiro que será gasto para evitar enchentes, danos ao meio ambiente, doenças, etc. Muitos outros exemplos podem ser dados, como: dirigir alcoolizado, comprar produtos de procedência duvidosa, fazer uso de entorpecentes, desrespeitar as normas de trânsito, colocando em risco a vida de terceiros, pagar propina a servidores públicos para evitar multas ou mesmo na regularização de problemas e que contribuem para o caos que estamos vivendo na segurança pública. Assim, finalizando este tema, julgo de suma importância atentarmos para o fato de que a segurança pública não é um problema focado em polícia, mas um sistema complexo que deve ser conquistado, iniciando-se por nós, por intermédio do aperfeiçoamento de nossos comportamentos, de nossos deveres de cidadão brasileiro.          

  

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