sábado, 3 de outubro de 2015

FALEM BEM OU FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM.


Muito provavelmente, muitos de nós já tenhamos escutado ou lido a frase “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”. Pois bem, essa frase ou expressão é uma adaptação a uma epigrama de um célebre escritor e pensador de nome Oscar Wild.
Oscar Wild foi um famoso escritor, de origem irlandesa, que viveu no século XVIII e atingiu seu auge nos anos de 1890, enquanto vivia na cidade de Londres. Foi considerado por muitos uma pessoa muito à frente do seu tempo.

Até hoje, Oscar Wild é lembrado pelos seus célebres e contundentes epigramas. Dentre as muitas epigramas criadas por esse escritor, uma delas me serviu de inspiração e iniciativa para redigir esse texto. “Só existe uma coisa pior do que falarem da gente. É não falarem” (Oscar Wild).
Foi refletindo a partir deste pensamento que decidi tecer breves comentários sobre a atuação da Prefeitura Municipal de São Paulo, atualmente, sob a batuta do Exmo. Sr. Fernando Haddad.
Perto de completar 03 (três) anos à frente da Prefeitura da maior cidade do país, o Exmo. Sr. Prefeito é citado pelas pesquisas de opinião pública mais recentes como o pior Prefeito que a cidade de São Paulo já viu. Constantemente criticado, vê sua popularidade descer a níveis cada vez mais baixos, a ponto de, atualmente, podermos afirmar que seu nível de popularidade caminha em patamares percentuais muito inferiores aos do Sistema Cantareira.
É óbvio quem nem só de desgraças e fracassos deve viver o atual governo municipal. Acredito, mesmo sem ver, que algumas boas ações vêm sendo tomadas em prol da cidade. Acredito, também, que o atual Prefeito nunca teve a intenção de causar algum mal, nem
para a Cidade, muito menos para os cidadãos que nela vivem. Pelo contrário, tenho a convicção de que ninguém em sã consciência se candidataria ao cargo de Prefeito para ser mal avaliado ou massacrado por boa parte da opinião pública.
Entretanto, o que tenho percebido através das ações praticadas pela atual gestão municipal é de que, dentre alguns assuntos de suma importância, como a mobilidade urbana e a zeladoria da cidade, têm sido tratados e executados com extrema falta de planejamento técnico e uma monstruosa inabilidade política.
As ciclofaixas, por exemplo. Coaduno com a opinião de que são de extrema importância para o desenvolvimento da mobilidade urbana, principalmente, para uma cidade como São Paulo. Mas porque uma medida tão importante, pelo menos aos olhos de muitos, parece ter sido tomada sob o enfoque da quantidade e não da qualidade?
De que adianta o esforço para trazer uma ideia do primeiro mundo, se na hora do planejamento e da execução colocamos em prática ideias e mão de obra de terceiro mundo? Ciclofaixas esburacadas, colocando em risco a vida dos usuários. Pinturas no asfalto que mais parecem garranchos feitos por uma criança de 05 anos. Falta de respeito com o pedestre que não pode, sequer, em determinados locais, caminhar em segurança por conta da má implantação das ciclofaixas que, grosseiramente, são pintadas sobre as calçadas. Em muitos casos, falta de respeito ao próprio ciclista que necessita de uma ciclofaixa segura, de boa qualidade, com largura e padrões razoáveis e que tenham condições de inclinação minimamente descentes para o trânsito de bicicletas. Isso tudo, sem falar nos constates questionamentos sobre o custo de implantação dessas ciclofaixas que, no momento, não vem ao caso.
Outro fator de extrema importância para qualquer cidade é a zeladoria dos espaços públicos. Quem transita minimamente pela
cidade de São Paulo, e tem por hábito observar os bairros, suas curiosidades e necessidades, facilmente, irá encontrar ruas esburacadas devido à péssima qualidade do asfalto e da mão de obra contratada; ruas mal iluminadas, colocando em risco a segurança dos pedestres que por elas transitam; praças mal cuidadas e deterioradas; lixo e entulho espalhados pela cidade de uma forma nunca antes vista; banners e cartazes pendurados nos postes da cidade como há muito não se via. Enfim, tenho a impressão de que estamos vivendo numa cidade de sonhos.
No papel e nas propagandas midiáticas veiculadas pela atual Prefeitura, tudo é lindo e maravilhoso. Na São Paulo de conto de fadas onde vive essa atual administração, ônibus tem conectividade Wi-Fi, praças são bem iluminadas, bem cuidadas e também oferecem a tal conectividade Wi-Fi, sem falar das Marginais que ficaram muito mais seguras com os novos limites de velocidade tão questionados, inclusive tecnicamente, e implantados a contra gosto da maioria.
Ainda dentro da cidade de sonhos em que estamos vivendo, a atual gestão municipal defende, sob o prisma da segurança e prevenção de acidentes, que a redução de velocidade nas Marginais foi a melhor e mais bem pensada solução, para o momento. Para alguns, e me incluo nestes, não passou de uma decisão de gabinete, extremamente mal formulada e mal trabalhada.
Ora, se a preocupação fosse, realmente, a segurança e redução do risco de acidentes, não seria a retirada dos ambulantes que circulam livre e perigosamente entre os carros, a realocação das pessoas que vivem embaixo de pontes e viadutos que necessitam atravessar a pista Marginal para sair de “casa” e, por fim uma maior atenção às motos que circulam perigosamente entre veículos, uma melhor opção ao invés de apenas em reduzir a velocidade nas Marginais e instalar novos radares para fiscalização? Porque nas faixas locais das
Marginais Pinheiros e Tietê deve-se trafegar a 50Km/h, enquanto em locais como, por exemplo, as Avenidas Santo Amaro, Rebouças, Brasil, Sumaré e outras tantas, pode-se trafegar a 60km/h ou até 70km/h em determinados pontos? Onde é que esse estudo tão benéfico para a cidade foi publicado?
Com tudo isso, às vezes, me pergunto se a atual administração não estaria tentando criar medidas polêmicas e controversas, justamente, para fazer valer a epigrama de Oscar Wild, “Só existe uma coisa pior do que falarem da gente. É não falarem” ou, traduzindo para o português informal, “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.
Tiago Leopoldo Afonso é advogado e ex-Subprefeito da Subprefeitura Jaçanã/Tremembé em São Paulo-SP.

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