Você, como eu, deve estar cansado
de ver programas de televisão, como Brasil Urgente e Polícia 24 horas, Rede
Bandeirantes de Televisão, explorando as atividades da polícia em busca de audiência.
Outro dia fiquei estarrecido com
uma situação ocorrida na Polícia Militar de Minas Gerais. Um repórter,
acompanhando uma matéria onde um meliante troca tiros com a
polícia e depois faz uma senhora refém, em sua própria casa, durante a sua
tentativa de fuga, pasmem, o jornalista
acaba por fazer o papel de negociador da ocorrência, colocando a cara na janela
do quarto, onde o marginal estava armado, negociando com ele, tudo na presença
de quase um pelotão de policias militares de serviço.
Vamos entender como funciona o
negócio da televisão, gerando, por vezes, milhares ou milhões de
Reais a estes órgãos.
A receita dessas emissoras de
televisão vem das propagandas publicitárias feitas nos intervalos da
programação. O que são apresentados nessas propagandas, para serem vendidos? O
leite, o arroz, o feijão, o computador, a geladeira, a máquina de lavar, o
remédio, o produto de limpeza, de higiene e tudo que você consome. Eles pagam
valores absurdos para essas emissoras, seu produto encarece e você paga a
conta.
Mas o que estamos discutindo é o
tipo de programação que atrai o público para gerar audiência. Ocorrências
policiais sempre foram um filão muito importante para as emissoras de televisão, e é aí que entram estes programas de televisão que exploram as ocorrências
das polícias militares, de forma praticamente exclusiva, permitindo-lhes
angariar lucros exorbitantes.
O questionamento a ser observado
é que todo tipo de exploração de serviço a ser feito pelos órgãos públicos,
deve ser por intermédio de licitação pública, tudo para que todos tenham o
direito de participar, nas mesmas condições impostas pelo estado.
Da mesma forma, entendo, que
explorar o acompanhamento de ocorrências na atividade operacional das polícias militares, além de observar critérios
rigorosíssimos de segurança, quando envolvem a sociedade civil, incluindo
jornalistas, também deve se submeter a critérios de editais de publicação,
permitindo que todos os órgãos que quiserem, participem da concorrência, assim
as regras ficam claras, e permite-se saber se o serviço, efetivamente, pode ser
prestado pela Corporação, pois imaginem se 20 emissoras de televisão quisessem
fazer o mesmo que fazem os programas de televisão acima citados, ou seja,
acompanharem policiais militares em ocorrências, ou ainda entrevistarem chefes de
COPOM (Centro de Operações da Polícia Militar) e COBOM (Centro de Operações do
Corpo de Bombeiros) nas várias ocorrência diárias, como acontecem hoje.
É fato que as polícias militares,
massacradas pela sociedade e, principalmente pelos órgãos de comunicação,
quando erram, precisam de aliados, que lhes apoiem nestes momentos, mas não se
justifica esta exploração da atividade policial-militar, da maneira com que é
feita.
Esta é uma reflexão que deve ser
feita na gestão pública, tudo para melhoria e aperfeiçoamento de nossa
sociedade.
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