Na condição de
ouvinte da Band News FM, segunda-feira pela manhã, 22 de Setembro de 2014, Ricardo
Boechat, ao comentar sobre o lamentável episódio da morte de um jovem, bairro
da Lapa, por um policial militar que trabalhava na denominada Operação Delegada, afirmando ser importante que naquela situação os policiais militares trabalhem
com armas não letais, permita-me humildemente expor algumas reflexões sobre o
tema:
- A Operação Delegada, criada em
2009, numa parceria entre a prefeitura de SP e o governo do estado de SP, tem como objetivo utilizar policiais
militares , em seus horários de folga, para atuar na repressão de venda de
produtos ilegais em locais públicos (logradouros, praças, etc.), onde a
prefeitura delega a estes servidores a possibilidade de fiscalizar tais
práticas, apreendendo tais produtos, e direcionando-os as subprefeituras
locais;
- Veja que tais práticas ocorrem
em locais públicos, onde há frequência da população comum. Sendo assim, caso
aconteça qualquer outro tipo de crime, como: roubos, furtos, agressões físicas, tentativa de homicídio ou mesmo o próprio
homicídio, deve o policial militar agir em defesa da sociedade, tentando
impedir, ou no campo da repressão imediata, prender em flagrante delito o
agressor da sociedade, sob pena do
cometimento de crime de prevaricação, não ficando, sua atuação, restrita ao
impedimento do comércio ilegal de mercadorias, conforme prevê o convênio.
- Assim, quando se propõe que o
policial militar atue com armas não letais, cria-se uma situação extremamente
desfavorável ao servidor, como também à sociedade, que na necessidade de atuar
nas situações acima elencas, estará impossibilitado de impedir tais práticas
delituosas, sem contar com a possibilidade de extrema exposição a sua
integridade física.
É importante lembrar, ante comentários, em
vários meios de comunicação, que o objetivo desse convênio, à época dos fatos,
foi o de permitir que o policial militar tivesse um “bico oficializado, estando
protegido em suas funções, caso viesse a sofrer alguma agressão física,
inclusive pensando em sua família. Além disso, vale lembrar que a corporação,
ao escalá-lo para este tipo de policiamento jamais o fará sem respeitar as 12
horas de folga a que qualquer trabalhador tem o direito, o que não ocorre, por
vezes, quando o “bico” é feito fora da corporação.
Finalmente, sem medo de errar, o objetivo do
Comando da Corporação à época do convênio, foi de colocar mais efetivo de
policias militares nas ruas, aumentando a sensação de segurança, além de
prevenir a prática, não só do comércio ilegal de mercadorias, mas também de
outros crimes, conforme já citado. Importante
destacar que a prática de atividade extra corporação por policiais, em seus
horários de folga, com o controle da corporação, é feita em países como nos
EUA, há muito tempo, sempre com o objetivo de aumentar os efetivos no policiamento
ostensivo-preventivo e melhorar os salários dos componentes das corporações.
Autoria
Marcelo Gomes Manoel
Coronel Veterano da PMESP e Advogado
Autoria
Marcelo Gomes Manoel
Coronel Veterano da PMESP e Advogado
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